Empresa cria tala biodegradável
 

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Empresa cria tala biodegradável

29 / Junho / 2021

Quebrar algum osso do corpo é uma dor de cabeça, mas a recuperação pode ser menos desconfortável e mais rápida. A empresa potiguar Fix It desenvolveu talas biodegradáveis modernas que reduzem em até 17% o tempo de imobilização e tratamento de membros fraturados.

Criada em 2015 a partir de uma competição, a empresa foi pré-incubada na Incubadora Empreende da Universidade Potiguar e ganhou destaque no Brasil, já se preparando para uma expansão internacional. As soluções Fix It são fabricadas por meio da tecnologia de impressão 3D e substituem as tradicionais órteses de gesso. Sustentáveis, elas são produzidas com bagaço de cana-de-açúcar, milho e beterraba, auxiliando no processo de preservação ambiental.

“Já compramos o material pronto. As mais de 20 soluções, genuinamente Fix It, utilizam o polímero difundido mundialmente na impressão 3D, que é o PLA”, explicou Felipe Neves, fisioterapeuta egresso da UnP e CEO da empresa. O PLA é obtido através de fontes renováveis a partir da fermentação do amido de milho, raízes de mandioca, cana-de-açúcar e beterraba, por exemplo. O bagaço e restos – que seriam descartados – são reaproveitados no produto.

Os produtos são indicados para membros inferiores e superiores, em procedimentos envolvendo fraturas e casos pós-cirúrgicos, com um design que facilita a imobilização e limpeza da área. São confortáveis, leves, podem ser molhadas e não são alergênicas. Segundo Felipe Neves, o tempo de imobilização é reduzido em até 17% quando comparado ao gesso ou a talas de tecido, e o paciente adere ao tratamento com mais facilidade.

“O design é muito conhecido. É um padrão chamado Voronoi e imita a natureza. Pode ser comparado a uma fruta, pele, asa de libélula ou até mesmo a parte interna do osso. Além da possibilidade da limpeza, existe uma distribuição de vetores de força, o que entrega resistência para a peça. Com isso, conseguimos áreas vazadas para limpeza, para coçar, para terapias alternativas como o laser, acupuntura, entre outros, e a resistência”, pontuou Felipe.

O produto se decompõe em torno de 24 meses enterrado ou 48 meses em água e, em uma composteira, em cerca de 45 dias – virando adubo em um processo que não emite gases prejudiciais à saúde. Mais de mil órteses foram impressas pela Fix It, atendendo 4 mil pacientes, o que significa uma redução de aproximadamente 2,5 toneladas de gesso.

Modelo de negócio
“Vendemos a licença para hospitais, clínicas, médicos e fisioterapeutas. Eles compram uma impressora 3D de um parceiro, com um software da Fix It, onde são consumidas as soluções. Elas são todas sob medida, de acordo com a demanda. O paciente tem as medidas verificadas e, em seguida, a imobilização personalizada é aplicada”, explicou Felipe.

“O custo é muito baixo para hospitais, mais do que gesso. Para o paciente final, a órtese pode custar em média R$ 150 – os valores variam entre R$ 50 e R$ 400, dependendo de cada caso”. As órteses duram até 3 anos e podem ser remodeladas quatro vezes após a primeira aplicação.